Uma eterna apaixonada pelo mar e toda vida que nele habita. Assim é Hew Barreto. Seguindo o sonho de trabalhar com o oceano e suas espécies marinhas, ela entrou na faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em 2011. Quatro anos mais tarde, em 2015, veio a realização e trabalhar com o que ama se tornou realidade. Hew iniciou um estágio no projeto Baleia-jubarte, no Arquipélago dos Abrolhos, na Bahia, numa experiência diária em um dos maiores berços das baleias-jubarte e diversos outros animais. Depois, em 2017, passou a ser ilustradora, arte da qual é autodidata, e bióloga do Instituto Viva Verde Azul. Foi aí que ela juntou as duas paixões, sendo a primeira contemplada na Bolsa Viva Juliana Molas. Além de bióloga, designer e desenhista, Hew Barreto também é cantora, da banda de rock Räivä. Amante da gastronomia, ela chegou a empreender no Amanitaveg, fazendo comida vegana, mas teve que abdicar dessa paixão para se dedicar à biologia. Representatividade feminina, forte, empoderada, nas ciências, nas artes e na comunicação digital, a alagoana de Maceió fala um pouco sobre suas experiências no blog Ping-pong. Confira e boa leitura!
1. Que ventos te levaram ao Viva Instituto Verde Azul?
Entrei no curso de Ciências Biológicas na UFAL com a intenção de trabalhar com o mar, pois sempre gostei de ver os documentários de vida marinha, observar os comportamentos, o ambiente era todo lindo e fascinante. Durante a graduação, trabalhar com baleias e golfinhos ainda era algo muito distante. Então, busquei formas de fazer esse encontro acontecer. Mesmo com pouco recurso, consegui passar no programa de estágio obrigatório do Instituto Baleia Jubarte, onde passei 5 meses vivendo no Arquipélago dos Abrolhos, no extremo sul do litoral da Bahia, fazendo o monitoramento das baleias-jubarte! E lá conheci a Mia Morete e a Marina Leite, que são gestoras do VIVA Instituto Verde Azul. Nessa época do estágio, eu costumava desenhar nas horas vagas, foi quando o VIVA precisou de um desenho para uma campanha. Marina me enviou um áudio longo que transformei em uma tirinha em quadrinhos. A partir daí, fui convidada a fazer parte da equipe como ilustradora e técnica de campo, foi quando surgiram os personagens e outras histórias em quadrinhos com a intenção de transformar o conhecimento científico em algo mais acessível. Hoje, temos dois livros de educação ambiental publicados, além de todo trabalho nas mídias sociais e com atividades presenciais.
2. Como é o dia a dia de trabalho na instituição?
Bom, tem bastante atividade. A sede do VIVA fica em Ilhabela-SP, no bairro do Borrifos, lá temos um ponto fixo, que é um deck de observação, a 110m acima do nível do mar. Subimos por uma escada tipo marinheiro com de 10m de altura e alcançamos uma base de observação com uma vista do mar de quase 180º, o que nos permite ter uma ampla visão da nossa área de pesquisa. O monitoramento é feito desde que o sol nasce até o sol se pôr, exceto em dias de chuva ou neblina. A observação é feita com binóculos e um equipamento chamado teodolito, o que nos ajuda a monitorar a região e nos auxilia a fazer um scanner na área a procura de qualquer coisa que indique um animal, que pode ser: um borrifo, um splash, um dorso ou até um salto! Além do ponto fixo, recebemos voluntárias e estagiárias, assim como realizamos atividades de educação ambiental em todas as escolas do município. Fora os eventos que comparecemos como limpeza de praias, semana literária, semana de vela e etc. Também participamos de Conselhos Ambientais, como o do Parque Estadual de Ilhabela e das Apas Litoral Norte e Centro de São Paulo.
3. Como têm sido o aprendizado e a experiência?
Muito incrível! É um ambiente extremamente rico para jovens terem contato com vários pesquisadores. O VIVA proporciona um espaço seguro, onde podemos trocar muitas experiências entre as estagiárias, voluntárias e os pesquisadores que passam por lá, favorecendo o desenvolvimento de outras habilidades e criatividade. Além de ser incrível poder trabalhar com mulheres tão admiráveis na equipe, que é majoritariamente feminina.
4. Quais os momentos mais especiais vividos em Abrolhos?
Abrolhos é um paraíso! Morei por 5 meses no arquipélago e já tive a oportunidade de visitar em expedição outras 3 vezes, sempre com o privilégio de viver muitos momentos lindos e de aprendizado por lá. Estar cercada de vida marinha sem dúvida é muito especial. A quantidade de vida dentro da água é sensacional. Ver baleias de vida livre, e interagindo entre si, é uma experiência que todos deveriam ter o direito de ver ao menos uma vez na vida. Um animal de 16 metros, saltar tirando 40 toneladas da água ou levantando seu filhote no colo, é surreal de lindo. Mas com certeza, uma das experiências mais emocionantes que pude ter, foi embarcada, ouvir o canto das baleias-jubarte. Parecia que estavam do meu lado, me senti conectada e pude entender a dimensão desse animal tão sensível e resiliente. Foi sensacional!
5. Como se sente realizando este trabalho?
Sou muito grata e realizada! Passar o conhecimento para adultos e crianças, dar voz e contribuir para um mundo melhor para nós e para esses animais tão incríveis é o que me motiva. Além do quê, nunca imaginei que conseguiria trabalhar unindo duas coisas que gosto, ilustração e biologia.
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