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Mulheres escrevem história da música clássica em Maceió

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Há músicas que falam ao coração, outras que se escutam para o deleite do corpo e da alma. E há aquelas, cujas palavras e sons atravessam o tempo.

No Dia da Música Clássica, celebrado nesta quarta-feira (5), você vai conhecer histórias de mulheres artistas que dedicaram suas trajetórias profissionais e pessoais à música de concerto. É vida que pulsa, sendo capaz de atravessar ruas, escolas, palcos e corações.

A música clássica pode ser ouvida como uma voz marcada pelo tempo, mas que resiste e se reinventa, ao encontrar eco, nas mãos e vozes de mulheres que fizeram da arte um propósito de vida.

Em Maceió, Selma Brito, Elvira Rebelo, Rita Namé e Orieta Feijó são protagonistas da história musical alagoana. Por isso, celebramos suas trajetórias e o legado que cada uma constrói, ao tocar corações e preencher silêncios, além do próprio vazio, com sons inesquecíveis.

A música clássica é muito mais do que uma expressão artística. É memória viva, herança cultural que atravessa séculos, conecta gerações e permanece pulsante mesmo em tempos de ruído e pressa.

Em Alagoas, as quatro mulheres, em singularidades distintas, mostram que a música de concerto não pertence apenas a palácios ou teatros imponentes, mas pode e deve habitar escolas, praças e o cotidiano.

Rita Namé: a educadora que traduz a música em linguagem universal

Com mais de quatro décadas dedicadas à música e à educação, Rita Namé é referência incontornável na formação de gerações de músicos em Alagoas. Professora aposentada da Universidade Federal de Alagoas, ela acredita que a música clássica é uma ponte entre o técnico e o sensível, capaz de ampliar a visão de mundo de qualquer pessoa.

“Compreender como uma obra se desenvolve é entender a história por trás de cada nota. A música clássica não é só para especialistas, é uma linguagem universal”, defende Rita, que fez da educação musical sua grande missão.

Para Rita, a música não é apenas uma escolha profissional, mas uma presença inevitável. “Após todos esses anos, é impossível imaginar minha vida sem música. Ela me habita”, complementa.

Orieta Feijó: da sala de aula às ruas, democratizando o concerto

A pianista e educadora Orieta Feijó é uma das grandes responsáveis por aproximar a música de concerto do público alagoano. Pernambucana de nascimento e radicada em Alagoas há mais de duas décadas, ela acredita que a música erudita precisa sair das salas fechadas e ocupar espaços públicos para romper estigmas de elitismo.

Ao lado do professor Benedito Ponce, fundou o Instituto de Cultura Erodictus, que promove concertos em praças, parques e bairros da periferia de Maceió.

“Nosso objetivo é mostrar que essa música pode emocionar qualquer pessoa, basta ter oportunidade de ouvi-la”, diz.

Para Orieta, a música de concerto é mais que um ofício, é paixão e técnica. É uma arte que exige rigor para quem a produz encantar o público.

Elvira Rebelo: a soprano que transforma técnica em emoção

Com 24 anos de trajetória, a soprano Elvira Rebelo representa a força e a delicadeza da voz feminina na música clássica alagoana.

Desde os 17 anos, ela se dedica ao canto lírico. Construiu uma carreira que une formação acadêmica sólida, aperfeiçoamento constante e profunda sensibilidade artística.

“A música me escolheu. Desde criança eu canto, é algo natural”, conta Elvira, que teve a formação marcada pela professora Fátima de Brito, pioneira no ensino do canto lírico em Alagoas.

Para ela, a música de concerto é mais do que profissão: é um presente para compartilhar.

“O maior objetivo é tocar o outro. A música emociona, eleva, provoca reflexões, ela nos conecta ao que há de mais essencial”, relata.

Selma Brito: as mãos que tocam a história

No piano de Selma Brito, a história da música clássica em Alagoas ganha corpo, som e memória. Filha de uma grande pianista formada no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, a musicista cresceu entre partituras e lições de disciplina. Aprendeu desde cedo que a música é uma arte de paciência e entrega.

“Minha mãe sempre dizia: para tocar, é preciso estudar. Esse é o lema que carrego até hoje”, conta Selma, que, além de uma brilhante carreira como pianista, formou dezenas de alunos particulares.

Para Selma Brito, a música é um presente divino e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade.

“É um dom que recebemos e temos o dever de desenvolver, estudar e compartilhar”, afirma.

Seja como solista ou ao lado de orquestras, cantores e instrumentistas, Selma Brito encontra a maior alegria em dividir a música, ao transformar notas e silêncios em encontros.

Rita Namé, Orieta Feijó, Elvira Rebelo e Selma Brito são mais do que artistas. São guardiãs de uma memória sonora que resiste ao tempo.

Com mãos firmes e vozes afinadas, elas transformam a música clássica em ponte entre o passado e o presente, entre o popular e o erudito, entre o local e o universal.

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