Em pleno Centro de Maceió, mais especificamente na Praça Deodoro, o prédio chama a atenção por sua beleza e imponência, encanta a cada olhar pela riqueza de detalhes. Do lado de fora, vem a admiração pela arquitetura; na parte superior do edifício, atributos das artes, pequenos templos, estátuas representando a história, a filosofia, a deusa, a música e a estátua de Apollo.
Dentro da sala de apresentações, as pinturas no teto, o luxo do lustre, o vermelho da cortina, os detalhes das frisas são um espetáculo à parte. No salão nobre, a decoração e os móveis antigos atraem os visitantes. No foyer, várias placas eternizam grandes nomes recebidos e momentos vividos aqui.
O lugar guarda muitos e importantes capítulos da história da arte e da cultura de Alagoas. Estamos falando do Teatro Deodoro, palco administrado pela Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), bem como seus anexos: o Teatro de Arena Sérgio Cardoso e o Complexo Cultural Teatro Deodoro.
Muito mais do que um cartão postal. Sua representação, entre os artistas, é de um lugar sagrado, um templo, um senhor, um Deus. Para o público, emoção, alegria, deleite. Para Alagoas, um patrimônio cultural, e por quê não o patrimônio cultural? A casa, que é referência entre os teatros históricos do Brasil e do mundo, chega a um marco: 114 anos de existência.
O Teatro Deodoro foi construído para materializar o sonho do progresso artístico vivido pela população e os governantes de Alagoas, no início do século XX. No dia 11 de junho de 1905, era lançada sua pedra fundamental no Largo da Contiguiba, também conhecido como Largo das Princesas, no Centro de Maceió.
A obra, projetada pelo arquiteto Luigi Lucarini e tocada pelo mestre de obras Antônio Barreiros Filho, foi concluída em 15 de novembro de 1910, marcando os festejos de 21 anos da proclamação da República. A peça escolhida para essa data foi “O dote”, de Arthur Azevedo e, em seguida, o monólogo “Um beijo”, do alagoano J. Brito, encenado pela atriz de renome nacional Lucila Peres.
Em 1914, o Deodoro sofreu com a chegada do cinema, bem como outros teatros do país, sendo arrendado a uma firma comercial e transformado em cinema. Diante da reação dos alagoanos, não demorou a voltar à sua finalidade inicial.
A primeira reforma aconteceu em 1933, ficando fechado até meados de 1934. A ópera “A Toscana”, pela Companhia Lírica Italiana, marcou o reinício das atividades. Entre os anos de 1937 e 1939, foi transformado em depósito. Reincorporado ao patrimônio do Estado, em 1940, voltou às suas verdadeiras funções.
Em mais de um século, o Deodoro recebeu atores, diretores, companhias teatrais e grandes nomes da música popular e erudita. Entre eles, Itália Fausta, Cia. Lírica Italiana, Bidu Sayão, Procópio Ferreira, Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, Companhia Eva Tudor, Rodolfo Mayer, Bibi Ferreira, Paschoal Carlos Magno, Fernanda Montenegro, Amir Haddad, Christiane Torloni, Clarice Niskier, Rosana Stavis, Marcos Damaceno, além de Caetano Veloso, Gal Costa, Egberto Gismonti, Arthur Moreira Lima, Djavan, Duofel, entre outros.
Entre os artistas locais, o palco já recebeu nomes do teatro, como Linda Mascarenhas, Pedro Onofre, Ronaldo de Andrade, Homero Cavalcante, José Márcio Passos, Otávio Cabral, Ivana Isa, Waneska Pimentel e Diva Gonçalves; grupos como a ATA, Cena Livre, Cia Nega Fulô e Joana Gajuru; companhias de balé, a exemplo da Maria Emília Clark, Eliana Cavalcanti, Emília Vasconcelos; artistas da música como Leureny Barbosa, Wilma Miranda, Wilma Araújo, Zailton Sarmento, Ibys Maceioh, além de grupos como Clube do Jazz de Maceió, Camerata Ero Dictus, Coretfal, Corufal, Orquestras Sinfônica e Filarmônica de Alagoas.
Conteúdo online sobre o Deodoro
O ator, diretor e dramaturgo alagoano, José Márcio Passos, expressou o seu amor pelo Teatro Deodoro neste vídeo. Acompanhe:
A museóloga Carmem Lúcia Dantas nos convida para uma visita guiada ao Deodoro. Confira: