O Centro de Maceió guarda jóias raras da arquitetura alagoana, espaços histórico-artístico-culturais e áreas verdes. Museus, igrejas, teatros e praças contam a história de uma época, eternizada em traços arquitetônicos e reverências a personagens ilustres. Vamos conferir um pouco do que esse passeio nos reserva?
Praça Visconde de Sinimbu
Começamos pela Praça Visconde de Sinimbu, mais conhecida como Praça Sinimbu, que faz uma homenagem a João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu ou, simplesmente Visconde de Sinimbu – presidente das províncias de Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Sul, Bahia e primeiro-ministro do Brasil. Nascido em 1810, no engenho Sinimbu, em São Miguel dos Campos, à época província de Pernambuco – hoje, cidade do Estado de Alagoas.
Além de uma área verde, o local guarda a escultura do menino-mijão, que faz parte da história de gerações de maceioenses. A praça passou um tempo sem o menino-mijão, mas um projeto de resgate foi feito e a escultura recolocada pela prefeitura de Maceió.
Bem pertinho do menino-mijão, está a escultura de Jorge de Lima, escritor nascido em 1893, na cidade de União dos Palmares. Conhecido como “príncipe dos poetas alagoanos”, foi um escritor modernista, e também trabalhou como artista plástico, professor e médico. Pertencente à segunda fase do modernismo no Brasil, também chamada de “fase de consolidação”, Jorge de Lima teve grande destaque na poesia de 30 com obras importantes, como O Acendedor de Lampiões e Invenção de Orfeu.
Sua escultura está voltada para a Casa Jorge de Lima, espaço que reserva uma exposição sobre o artista e que, atualmente, abriga a Academia Alagoana de Letras. A casa apresenta exposições permanentes, como os versos ilustrados de Rio São Francisco e Acendedor de Lampiões, e a mostra O mundo de Jorge de Lima, contando a vida do escritor detalhada em linha cronológica. A Casa Jorge de Lima é uma construção do início do séc XX, local onde Jorge de Lima morou, de 1902 até 1908. Atualmente, o prédio passa por reforma com reparos na biblioteca e nos banheiros. Por isso, a visitação está suspensa, mas será retomada a partir do dia 15 de julho. As visitas são gratuitas e podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h.
Saindo da praça em direção à ladeira da Catedral, encontramos, como o próprio nome já revela, Catedral Metropolitana de Maceió. O espaço, que antes abrigava um engenho, tendo uma casa grande e uma capela, foi doado à igreja católica e se tornou a matriz da cidade, inaugurada em 1859.
Na praça Dom Pedro II, que fica em frente à catedral, tem o histórico prédio que hoje é a sede da Assembleia Legislativa de Alagoas. Construído para abrigar o Tesouro Estadual, o prédio teve sua pedra fundamental lançada em 1850, pelo então presidente de Alagoas, José Bento da Cunha Figueiredo, sendo inaugurado em 1851. O engenheiro civil José Pedro de Azevedo Schamback foi o projetista e responsável pela construção do palacete do Poder. Hoje, casa de Tavares Bastos, como a ALE também é conhecida.
Na lateral do prédio da ALE, fica a Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos. Criada em 26 de junho de 1865, é um ambiente de construção do conhecimento e incentivo à leitura. O antigo Palacete Barão de Jaraguá guarda tesouros da literatura de todo o mundo. Um patrimônio literário preservado no casario rosado, de janelas azuis e portas de madeira colonial, localizado no centro de Maceió. O espaço homenageia o escritor alagoano Graciliano Ramos com uma galeria apresentando a vida e obra do autor, além de uma seção especial dedicada ao famoso livro “Vidas Secas”. Atualmente, o espaço é palco do projeto Cine Biblio todas as sextas-feiras, a partir de 12h, com exibições gratuitas, para oferecer uma programação cultural aos comerciantes e público em geral. Os agendamentos para visitas em grupo à biblioteca, com limite de até 30 pessoas, devem ser realizados pelo e-mail moc.liamgobfsctd@saogala.epb. A biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, das 09h às 16h.
Saímos da Praça Dom Pedro II em direção à Praça dos Martírios, onde tem o Museu Palácio Floriano Peixoto, espaço que abrigava a sede do Governo do Estado de Alagoas e que guarda mobiliário da época, obras de artistas alagoanos, a exemplo de Rosalvo Ribeiro, além de exposições permanentes de Aurélio Buarque de Holanda e Lêdo Ivo. O Mupa está aberto à visitação, de terça a quinta-feira, das 9h às 17h, e, às sextas-feiras, das 9h às 14h, com entrada gratuita. A visita é guiada por estudantes do curso de História, da Universidade Federal de Alagoas, que não só apresentam os espaços e as obras, como também os contextualizam.
Vamos agora para outra praça no Centro de Maceió que reúne belezas e riquezas: Deodoro. Bem em frente à praça, está o Teatro Deodoro com 113 anos de muita história, arte e cultura. O espaço foi inaugurado em 15 de novembro de 1910, marcando os festejos da Emancipação Política daquele ano. Projetado pelo arquiteto italiano Luigi Lucarinni, o Teatro Deodoro é um patrimônio cultural de Alagoas, tombado pelo estado. Grandes artistas locais, nacionais e internacionais passaram e continuam passando por esse palco centenário.
Anexo ao Deodoro, está o Teatro de Arena Sérgio Cardoso. Com um formato mais intimista, o espaço foi Idealizado pelo ator e então diretor do Teatro Deodoro à época, Bráulio Leite, e inaugurado em 14 de julho de 1972, com a apresentação do espetáculo “O Homem da Flor na Boca”, de Luigi Pirandello, que tinha no elenco os atores Sérgio Cardoso, Jardel Melo e a atriz alagoana Nana Magalhães. O espaço físico já existia, anexo ao Teatro Deodoro, mas ali funcionava o Bar Deodoro. Um mês depois de inaugurado, falecia o ator Sérgio Cardoso. Em sua homenagem, o Teatro de Arena recebeu o nome do artista. O Teatro de Arena, como é mais conhecido, fez e continua fazendo parte da história da cultura, de muitos artistas alagoanos e do público.
Concluindo esse circuito cultural, tem o Complexo Cultural Teatro Deodoro, inaugurado em 2014, é um espaço com galeria de arte e também recebe muitos eventos de música, dança e teatro, além de oficinas e aulas.
Na Praça Deodoro, também encontramos o Centro de Memória e Cultura do Tribunal de Justiça de Alagoas. Situado no antigo prédio do TJ/AL, o espaço tem uma exposição que conta a história do judiciário alagoano e brasileiro, destacando personagens importantes e leis que trouxeram avanços significativos para a democracia e cidadania.
Se tiver um tempinho livre, sugiro dar uma esticada no passeio, subindo a ladeira da Catedral (não recomendo fazer o percurso a pé porque a ladeira é bem íngreme) e ir até o Mirante de São Gonçalo, no bairro vizinho – Farol. Além de uma linda vista do mar de Jaraguá e o porto da cidade, o local guarda belos cenários para fotografias, como esculturas e o monumento Eu Amo Maceió, e tem também um espaço para fazer um lanche e recarregar as energias.
O Mirante de São Gonçalo guarda o busto de Rosalvo Ribeiro. Natural de Maceió, em 1915, ele foi pintor, também escritor, músico e professor. Na pintura, se destacou, recebeu diversos prêmios com obras de temáticas sociais e históricas. Muitos de seus trabalhos podem ser contemplados no Mupa, que você viu acima nesta publicação.
Outro mirante que proporciona uma linda vista da cidade é o de Santa Terezinha, também no Farol, perto da Praça dos Martírios. No local, é possível observar a Lagoa Mundaú. O mirante guarda uma imagem de Santa Terezinha, em uma área verde, com um café bistrô, bem de frente para essa vista privilegiada de Maceió.
Imagens: ¹ Hannah Copertino.