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Mulheres que transformam o campo: protagonismo feminino no agronegócio alagoano

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Nos últimos anos, as mulheres alagoanas que atuam no campo estão cada vez mais assumindo o protagonismo no agronegócio. Do cultivo à gestão dos seus empreendimentos, elas inovam, lideram e transformam o meio rural, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a economia do estado. No 2º Encontro Estadual das Mulheres do Agro de Alagoas, suas histórias de coragem, inovação e superação serão contadas por meio de uma exposição fotográfica, destacando 15 mulheres que estão transformando o setor agropecuário. O evento é uma iniciativa do Sebrae e do Sistema Faeal/Senar.

A dona de casa, produtora rural e criadora de galinhas caipiras, Maria Lúcia de Oliveira é um desses exemplos. A moradora do Distrito Tingui, em Água Branca, no sertão de Alagoas, é a primeira mulher da comunidade em que vive a desbravar a seca no sertão e ocupar espaço na produção de ovos caipiras. Com o apoio do Sebrae em 2023, através do projeto Papo Cheio, construiu seu aviário, preparou o espaço e deu início a um projeto piloto que hoje garante a segurança alimentar de mais de 60 famílias.

“Minha filha me incentivou nessa ideia e, desde a primeira visita técnica do Sebrae, aprendi muito mais do que eu já sabia sobre galinhas. Hoje, me sinto preparada para aumentar meu plantel, cuidar bem de minhas galinhas e garantir ovos saudáveis para meus clientes. Eu me sinto muito realizada quando vendo os ovos porque sei que cuido deles com muito amor”, contou entusiasmada Maria Lúcia.

O Sebrae vem desenvolvendo alguns projetos, ao longo dos anos, para estímulo, incentivo e desenvolvimento da agricultura familiar, como explica a analista do Sebrae Alagoas, Pollyana Bellotti.

“Percebemos que existe um grande leque de mulheres que são produtoras rurais e que vinham em um formato invisível, muitas vezes trabalhavam com o esposo ou companheiro e não eram apresentadas como a força do trabalho. Então, fomos levando oportunidades para essas mulheres através de capacitações, caravanas, intercâmbios, nossas visitas técnicas e envolvendo elas no movimento de mulheres do agro”, pontuou.

Protagonismo no agronegócio

Dados do Censo Agropecuário de 2017 reforçam o protagonismo feminino. Em Alagoas, dos 82.692 estabelecimentos agropecuários, 33.565 são dirigidos por mulheres, sendo 27.462 na categoria de agricultura familiar. Esse número expressivo evidencia a importância da atuação feminina no campo, onde elas desempenham um papel crucial na produção agrícola local, na segurança alimentar e na gestão.

Neuma Alves é uma dessas representantes de mulheres do agronegócio que assumiram papeis de liderança ao longo da trajetória. A produtora sertaneja do Baixo São Francisco, em Belo Monte, há 14 anos é associada da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA). Ao longo de sua trajetória, assumiu a presidência da entidade, desempenhando um importante papel na promoção de projetos comunitários e no fortalecimento da organização, atuando como sócia e colaboradora ativa. Além desse trabalho, Neuma é empreendedora dedicada e agricultora, unindo seus conhecimentos e habilidades para impulsionar o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da comunidade.

Em 2023, segundo dados da CEPEA e da CNA, cerca de 11 milhões de mulheres atuaram no agronegócio brasileiro. Destas, 4,5 milhões atuam diretamente dentro da porteira, representando 33% do setor, enquanto 4,3 milhões se dedicam ao agroserviço (43%) e 1,9 milhões à agroindústria. No cenário global, as mulheres representam cerca de 43% da força de trabalho agrícola.

Magda Bezerra é uma dessas mulheres que teve sua vida transformada por meio da agricultura, se dedicando à produção de mandioca e caju no município Olho d’Água das Flores.

“Eu tenho uma paixão imensa pela agricultura, mas só tive um olhar mais centrado na propriedade da família logo após uma capacitação do Sebrae, onde comecei a organizar a minha produção, as finanças e esse ponto foi crucial em minha vida. Foi através da minha renda que consegui comprar minha casa, o terreno onde trabalho e pagar minha faculdade depois de 13 anos sem estudar”, contou a produtora Magda.

“Fomos somando esforços e junto com outros parceiros desenvolvemos a agricultura familiar aqui no nosso estado, temos em torno de 120 produtores rurais e mais ou menos 90% são mulheres. É um trabalho onde elas não precisam se ausentar da casa, com um retorno viável e sustentável que dá para melhorar a qualidade de vida e fomentar o campo. Além disso, ajudamos a melhorar a qualidade de vida e levar desenvolvimento para elas e para a região que residem”, concluiu a analista Pollyanna Bellotti.

2º Encontro Estadual das Mulheres do Agro de Alagoas

O evento Mulheres do Agro tem como objetivo compartilhar conhecimentos, experiências e fortalecer a cadeia do agronegócio de Alagoas. O 2º Encontro Estadual das Mulheres do Agro vai acontecer nesta quarta-feira, 30 de outubro, no Espaço Fábrica de Eventos em Jaraguá e promete reunir mais de mil mulheres que atuam no segmento em todo o estado. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas clicando aqui.

A programação do encontro aborda temas que vão desde a inovação no agronegócio até a importância da liderança feminina no setor. Entre os principais destaques estão as palestras ‘A Participação Feminina no Agronegócio’ e ‘A Importância da Liderança Sindical’, além dos painéis ‘Inovação no Agronegócio’, ‘Damas do Pastoreio Voisin’ e ‘Liderança Feminina que Transforma o Campo’, buscando capacitar de forma coletiva e potencializar as possibilidades de diversificar o empreendedorismo e mercado para as mulheres.

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