A Praça Deodoro, no Centro de Maceió, reúne prédios centenários em seu entorno e promove um circuito educativo-cultural para quem passa pelo local, possibilitando um encontro com a história da nossa sociedade. Entre esses espaços, está o Centro de Cultura e Memória do Tribunal de Justiça de Alagoas (CCMTJAL). Situado no antigo prédio do TJ/AL, o espaço conta a história dos 300 anos do judiciário alagoano e brasileiro.
“O Centro de Cultura e Memória do Poder Judiciário de Alagoas pretende contar sobre a rotina dos homens da justiça e a evolução de suas trajetórias. Seu acervo histórico seguirá reconstruindo-se a cada nova pesquisa para resgate de importantes fatos do cotidiano forense. E com isso, possibilitará o acesso à informação sobre episódios passados e seus atores. Ao interagir com o cidadão, mediante os avanços tecnológicos aqui abraçados, este Centro Cultural e de Memória tem no modelo digital um método lúdico para difundir e preservar a rica memória da Justiça Caeté”, explica Claudemiro Avelino de Souza, curador do acervo.
Logo na entrada, encontramos uma planta do prédio e informações sobre a construção. Inaugurado em 1912, a obra foi projetada pelo arquiteto Luigi Lucarini, o mesmo responsável por prédios como o Teatro Deodoro e o Museu Palácio Floriano Peixoto, ambos também localizados no Centro de Maceió.
“O Tribunal segue padrão de planta similar à do prédio da Intendência: acesso por um vestíbulo aberto com escadaria, marcado por duas colunatas de duas colunas duplas, salas colaterais a esse vão e planta retangular rígida. A platibanda traz uma escultura alegórica – a Justiça – no átimo da composição da fachada, sobre um frontão em arco composto”, contam as informações nas paredes do museu.
Quando o Tribunal de Justiça se instalou nessa construção, a Praça e o Teatro Deodoro já existiam.
“O projeto de urbanização da área foi feito pelo pintor Rosalvo Ribeiro, que se inspirou na Place de la Concorde, em Paris. Além da estátua de Deodoro da Fonseca, a praça recebeu outras quatro estátuas, esculpidas por Mathurin Moreau e forjadas na Fundição Val d’Osne, que adornam seus quatro cantos, representando os continentes europeu, asiático, africano e americano”, contam as informações nas paredes do museu.
Uma das salas do museu destaca as mulheres no judiciário, apresenta casos emblemáticos de crimes em Alagoas, como o assassinato de Delmiro Gouveia e a prisão de Graciliano Ramos, expõe objetos comuns utilizados pelos juízes, a exemplo da toga, traz ainda imagens e informações acerca de grandes juristas, entre eles, Guedes de Miranda, Pontes de Miranda, Euclides Malta e Jayme de Altavilla Mello. Neste espaço, há também uma tela interativa na qual é possível escolher um personagem marcante da história de Alagoas, tirar uma foto e esse registro é enviado para o e-mail que o visitante informar.
Na outra e última sala do museu, tótens com fotografias e textos, além de objetos e documentos, fazem referência à leis importantes que garantiram a democracia e os direitos humanos, acabando com absurdos como a escravidão, violações às mulheres e ditadura militar.
Há também uma tela com reproduções de documentos e imagens históricos, onde é possível conhecer momentos marcantes da justiça alagoana, como um processo de imposto cobrado pela coroa portuguesa a um senhor de engenho em 1775, foto do primeiro prédio da justiça na cidade de Penedo em 1781, entre outros.
Nesse espaço, é interessante observar a evolução da legislação brasileira em trechos da Constituição Cidadã de 1988 fixados nas paredes. O Centro de Cultura e Memória do TJAL também traz um episódio que devemos lembrar sempre para nunca repetir: a ditadura militar. O espaço lista os nomes das pessoas mortas e até hoje desaparecidas durante esse regime. Tem ainda menções a personagens que ajudaram a transformar as leis, como a Maria da Penha, e trechos da legislação em defesa das mulheres, que foram por tantos anos injustiçadas, violentadas e silenciadas.
Visitas
O Centro de Cultura e Memória do Tribunal de Justiça de Alagoas está aberto de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h, com entrada gratuita. Visitas em grupo devem ser agendadas pelo telefone (82) 99189-1935. Siga o CCM/TJAL no Instagram.
Você também pode conhecer o museu fazendo um passeio virtual com imagens em 360º pelo Portal da Memória.
Imagens: ¹ Hannah Copertino.